sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O som da vida e a voz da morte

Ah! Agonia, o sufoco, a dor
A tristeza e a enorme incerteza
Que a alma assolam com tanto ardor.
Em meio a grito visceral
D’ alma emerge o desejo de voltar ao seu local,
Para enfim desvencilhar-se de tamanho mal
E delegar ao passado o mundo material.
Sinto-me como em um caixão
Morto, frívolo, inescrutável,
Enterrado a sete palmos do cão.
Em meio a gritos e gemidos,
Liberto sentimentos reprimidos,
Em um desejo de encontrar massivo
O motivo de ainda estar vivo.
Quem me dera libertar-me desses grilhões,
Rumo a alva aurora, já que é chegada a hora
De retornar ao inefável conforto de outrora.
Quem me dera alcançar-me a esse mar de pureza,
E a latente incerteza, para com tal sutileza
Conciliar-me a essa distante clareza.
Enfim libertar-me desse sentimento insistente
E tornar uma realidade iminente
O deixar esse corpo doente.
Quem sabe a mim chegar-se a luz
Para libertar-me dessa cruz,
E deixar essa ardente solidão
Rumo a celeste reconciliação
Minh’ alma silenciosamente se debate,
De tal forma meu corpo se abate.
A noite acordo-me com espasmos
Vou até o espelho e vejo um cadáver pasmo.
Com meu corpo cansado,
sem forças e esgotado,
Vejo meu peito transpassado
Por esse punhal enferrujado.
Sinto aos poucos o poder primitivo
Levar-me parte a parte consigo
E nesse gesto mórbido invasivo
Transcender-me em definitivo.
Ouça o badalar de sinos
Finalmente livre do corpo onde me confino
Vou embora com choro e afinos
Contemplando o esplendor divino.
Com o glorioso dourado
Desse céu clareado
Meu espírito é transpassado,
Seguindo a um portão irradiado,
Dentre a chão de diamantes cravejado
Contemplo um trono iluminado
Onde um ser não antes imaginado
Diz-me em um balbucio equalizado.
“Bem vindo ilustre finado”